A Síndrome de Moebius (SM) foi descrita por Moebius, em 1892. Caracteriza-se por paralisia congênita e não progressiva do VI e do VII pares de nervos cranianos (NC), quase sempre bilateral, o que produz uma aparência facial pouco expressiva ( conhecida também fácies de boneca) e estrabismo convergente. Os nervos apresentam-se comprometidos, uni ou bilateralmente, determinando: ptose palpebral, estrabismo divergente, surdez, distúrbios da sensibilidade nos territórios inervados pelo trigêmeo, disfagia, disfonia e atrofia da língua, que podem ser verificados em diferentes combinações.
A origem da SM permanece especulativa mas, certamente, é influenciada por fatores genéticos e ambientais. Isquemia fetal transitória é a teoria mais aceita para explicar a síndrome. Segundo a literatura, qualquer alteração que prejudique o fluxo sanguíneo da placenta para o feto, num certo momento da gestação, poderia originar a aplasia ou a hipoplasia dos núcleos dos nervos facial e motor ocular externo, no tronco cerebral. Embora a maioria dos casos seja esporádica, alguns estudiosos postulam a natureza genética para a Síndrome de Moebius. Independentemente da teoria principal, alguns fatores ambientais têm sido implicados na gênese da SM ,tais como: hipertermia, exposição da gestante a infecção, utilização do MISOPROSTOL, do álcool, da cocaína, da talidomida e de benzodiazepínicos, entre outros. Acredita-se que a popularização do uso do MISOPROSTOL como abortivo, em nosso meio, possa ser responsável pelo aumento do número de casos da SM observado nos últimos anos.
A principal característica que leva a suspeita clinica é a falta de expressão facial do bebê, como também a falta de sucção e durante o sono há presença do fenômeno de bell, ( fechamento incompleto das pálpebras).
O portador da SM pode ter vida normal, desde que o indivíduo não tenha outras manifestações associadas (convulsões, alterações ventriculares, hidrocefalia, lesões no SNC). Seu desenvolvimento motor para o andar pode ser retardado, devido à presença do pé torto congênito. A avaliação do fisioterapeuta deve ser criteriosa nestes pacientes ,pois é fundamental para a elaboração de um programa de tratamento a observação de problemas e disfunções apresentados. O conhecimento detalhado da história clínica, a análise dos exames realizados , o exame de tônus muscular de toda a musculatura facial, testes de sensibilidade e de coordenação são subsídios que permitem um tratamento adaptado e personalizado em função dos “déficits” e da capacidade do paciente para controlar seus músculo.
O tratamento fisioterapêutico consiste de: massagem , estimulação tátil e crio-estimulação na hemiface comprometida. A fisioterapia também tem um efeito benéfico quando minimiza os efeitos da Síndrome através da manutenção da musculatura, com exercícios de flexibilidade, temos, no entanto, a cinesioterapia como um recurso valioso na habilitação daquelas crianças que tem atraso no desenvolvimento motor por apresentarem pés tortos. Sendo assim, todo o trabalho é realizado visando como objetivo final a marcha independente, a melhora na funcionalidade, consequentemente uma melhor qualidade de vida da criança.